Avatar e a Ascensão da Engenharia Genética no Século XXI

Desde as pesquisas mendelianas, a humanidade vem sendo exposta aos conhecimentos da Genética. Esta pode ser considerada recente, uma vez que somente no século XX os cientistas começaram a se aprofundar e a pesquisar sobre o assunto. A partir dos estudos dessa área, surgiu a Engenharia Genética, que envolve o processo de manipulação de genes de um organismo. Todo esse desenvolvimento, a partir da década de 90, inspirou livros, séries e filmes a explorarem o tema de diversas formas, exemplo desse desenvolvimento é o Projeto Genoma, experiências com clonagem e o avanço das armas biológicas.

Tais produções trazem consigo uma ideia de futuro bem ampla, onde os genes seriam de conhecimento geral do homem. Algumas obras trazem a genética como o principal fator de segregação entre os povos, outras já abordam de forma que esses conhecimentos seriam úteis em guerras e dominação de outros povos. Como exemplo disso, temos o filme Avatar, dirigido por James Cameron e lançado no ano de 2009.

No filme, uma corporativa explora um minério precioso no planeta Pandora, o Unobtainium. Porém, o planeta é habitado por humanoides de cerca de 3 metros de altura. Essa espécie é chamada de Na’vi. Eles estabeleceram uma relação de paz e harmonia com a natureza. Por não se darem bem com os nativos, pesquisadores criaram o Programa Avatar, que consistia em criar híbridos entre humanos e os Na’vi para entrar em suas sociedades e entender melhor seus comportamentos.

Um dos cientistas do programa, Thomas, morre durante as pesquisas e para assumir seu lugar chamam seu irmão gêmeo, Jake Sully. Ele é um ex-fuzileiro paraplégico e foi a Pandora conseguir dinheiro para a cura de sua paralisia. Por ter o mesmo material genético que seu irmão, Jake é capaz de assumir o Avatar dele, dando assim continuidade ao Programa.

Como Jake não era um cientista, ele não tinha nenhuma experiência com o corpo de Avatar e nem conhecia a cultura dos povos Na’vi. Com o tempo, ele vai se habituando a sua nova rotina em Pandora e começa a entender cada vez mais a filosofia dos nativos desse planeta com a natureza. Jake é apresentado aos rituais deles e conhece a Deusa da Vida, Eywa, e a Árvore da Vida.

Avatar é uma produção atual, por isso encontramos várias questões recentes ao analisá-lo. Logo no início do longa-metragem o protagonista Jake afirma estar acordando depois de muito tempo na criogenia. Esse processo é constantemente associado com a parte da biologia conhecida como criônica e que é a responsável por preservar a vida em temperaturas baixas. O filme também explora o presente quando coloca em discussão o hibridismo, uma vez que os avatares contém material genético humano e dos nativos de Pandora. Além disso, Avatar nos passa uma visão positiva da biociência, ao contrário de outros filmes como Guerra Mundial Z e Eu sou a lenda, que são extremamente pessimistas nesse sentido.

Outra marca forte do filme, é a dedicação, cuidado e adoração que os Na’vi tem pela natureza do planeta. Antes de um dos momentos mais conflituosos do filme, Jake conversa com Eywa e diz que “Não existe verde lá. Eles mataram a Mãe Natureza. E vão fazer o mesmo aqui.” Essa passagem nos traz a uma visão da Terra destruída e com o meio ambiente devastado. Essa ideia de futuro pode ser vista no início de A Ilha, uma obra da mesma época, e que no começo passa a imagem de um planeta Terra devastado por patógenos mortais.

É importante lembrar que Avatar se passa no ano de 2154, um futuro muito distante do qual foi produzido, porém trazendo questões atuais e recorrentes. Obras como As categorias meta-históricas que revelam o tempo histórico: “campo de experiência” e “horizonte de expectativa” explicam bem a relação do homem com o passado, presente e futuro. Lá é feita uma análise de diversos períodos e a afinidade do ser humano com os três estágios do tempo. José Carlos Reis afirma que a partir de 1989, nossa concepção de futura é baseada num constante presentismo.

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