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A história da Ficção Científica

  • Flávio Raimundo Giarola
  • 17 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

A primeira obra de ficção científica que se tem notícia foi o romance Frankensteinou Prometeu Moderno, escrito por Mary Shelley, em 1818. No conhecido livro, um cientista, através da ciência, procurava criar uma nova vida por meio de tecidos mortos. Sua experiência deu certo, porém os resultados acabaram saindo do controle. Shelley, ao mesmo tempo que inaugurou um novo gênero, também deu início ao tipo do “cientista louco”, que reapareceu outras vezes no século XIX, como em O médico e o monstro (1886), de Robert Louis Stevenson, em A Ilha do dr. Monroe (1896), de H. G. Wells e em O homem invisível (l897), do mesmo autor.

Ao longo de todo os oitocentos, escritores como o francês Júlio Verne, o inglês H.G. Wells e o norte-americano Edgar Allan Poe, ajudariam a popularizar um tipo de romance que buscava colocar a ciência e o futuro como protagonistas. Ainda nesta primeira etapa da Ficção Científica, apareceram viagens submarinas, conquistas da lua, invasões alienígenas e futuros progressistas.


Não é por acaso que a Ficção Científica tenha surgido no século XIX. Até então, haviam profecias sobre o futuro e desejos de conquistas imaginárias, que eram resolvidos pela religião e pelos mitos. A partir do século XVIII, contudo, por conta da Revolução Industrial inglesa, as transformações tecnológicas se tornaram mais constantes, deixando o mundo mais rápido e, em consequência, libertando a imaginação dos homens para o futuro. Além disto, as transformações sociais como a Revolução Francesa, a Independência dos Estados Unidos e todas as agitações vividas pela Europa na primeira metade dos oitocentos ajudaram a forjar uma percepção de que o futuro seria certamente diferente do presente. Em torno de todo este contexto, surge a Ficção Científica.


No começo do século XX, ela chegaria a uma arte que ainda dava os seus primeiros passos, o cinema. Viagem à Lua, escrito e dirigido por Georges Méliès, em 1895, pode ser considerado o primeiro filme do gênero. Na Alemanha, em volta dos problemas do entre-guerras, em 1927, o casal Thea von Harbou e Fritz Lang escreveram o roteiro de Metrópolis, que mostrava um futuro marcado pela divisão entre burguesia e operariado. No teatro, em 1920, o dramaturgo tcheco Karel Capek escreveu a peça R.U.R. (Rossum's Universal Robots), que introduzia, pela primeira vez, a palavra robô em uma obra de Ficção Científica.

Nos Estados Unidos, o gênero ganharia passagem através de revistas populares voltadas para o público jovem. No ano de 1926, Hugo Gernsback publicou o primeiro periódico que seria dedicado inteiramente à Ficção Científica, a Amazing Stories. Nos anos 1930, novas revistas surgiriam como a Astounding Stories e a Thrilling Wonder Stories. Ao mesmo tempo, o gênero atingiria o cada vez mais popular mercado dos quadrinhos, com as histórias de Flash Gordon, Buck Rogers e Capitão América.


Na literatura, a Ficção Cientifica deixava explícito o cenário pessimista dos anos entre a Primeira Guerra Mundial e aqueles imediatamente após o lançamento das bombas em Hiroshima e Nagasaki, em livros como Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxley; 1984 (1948), de George Orwell; e Fahrenheit 451 (1953), de Ray Bradbury. Era a era das distopias totalitárias.


A Guerra Fria não contribuiu para mudar o cenário. Livros e filmes de Ficção Científica passaram a se preocupar com uma possível guerra nuclear entre a duas potências beligerantes, Estados Unidos e União Soviética. Neste cenário, o futuro quase sempre era apocalíptico, como em Planeta dos Macacos, de 1968. Entretanto, o cinema também refletiu o clima da corrida espacial e dos recentes avanços tecnológicos daí decorrentes. Surgiriam séries de sucesso como Jornada nas estrelas, de 1966, e a consagrada trilogia de Guerra nas Estrelas, cujo primeiro filme é de 1977.

Alguns autores se tornaram referência no gênero e passaram a escrever verdadeiros best-sellers. Isaac Asimov talvez tenha sido o maior deles. Publicou clássicos como Eu, robô (1950), a trilogia Fundação (1951) e O homem bicentenário (1976). Outra obra de grande sucesso de venda foi Duna (1965), escrita por Frank Herbert. Com um número cada vez mais crescente de fãs, a Ficção Científica ganhou novos temas como androides, computadores, inteligências artificiais, impérios inter-galáxicos, etc. Com a ascensão do movimento denominado New Wave, na década de 1960, a literatura de Ficção Científica se preocuparia cada vez mais com os dilemas da ciência, além de colocar questões características daquele período entre seus temas, como o feminismo, o ambientalismo e as drogas.


Dos anos 1970 até os dias atuais, a Ficção Científica, seja no cinema, na literatura ou nos quadrinhos, se afirmou como um gênero lucrativo. Hoje, a cada ano são produzidos centenas de obras sobre o tema. Clássicos são sempre revisitados pelo cinema (como Planeta dos Macacos, Exterminador do Futuro, Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas) e ainda conseguem faturar milhões para as produtoras. A Ficção Científica extrapolou seus limites e chegou aos filmes de terror, como na maioria dos filmes sobre zumbis, e em histórias de super-heróis, como os X-men e o Quarteto Fantástico, por exemplo. Em síntese, atualmente não se pode falar em cultura pop sem e referir à Ficção Científica.


Referências: ALLEN, David L.. No mundo da ficção científica. São Paulo: Summus Editorial, 1975. ASIMOV, Isaac. No mundo da ficção científica. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1984. TAVARES, Braúlio. O que é ficção científica. São Paulo: Brasiliense, 1986.



















































 
 
 

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