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O 'Crash' da bolsa de NY e dos Futuros Utópicos

  • Joyce Santos
  • 11 de mar. de 2017
  • 3 min de leitura

A bagunça gerada na década de 30 não afetou apenas os sistemas econômicos. No início do século XX ocorreu uma explosão do capitalismo. O imperialismo levou a revolução industrial para grande parte do mundo, não que todos desfrutassem de seus lucros, em alguns locais a população vivenciou a pior faceta do sistema capitalista. Porém, nas grandes potências as pessoas se deleitavam com as belezas do mundo moderno. O American Way of Life fazia a industria trabalhar a todo vapor para produção de bens de consumo duráveis ou não, gerando uma enorme onda de produção e consumo. Era o início da era moderna. E isso, é claro, influenciou muito na maneira do Homem de imaginar o futuro.

Claro que chegou uma hora que as pessoas não tinham mais o que consumir, afinal se você já tinha uma TV nova, por qual razão compraria outra? Nessa época a obsolescência programada ainda não funcionava muito bem. Essa falta de consumo levou uma queda no nível de consumismo da população, o que levou uma queda na produção, o que nos leva ao 'crash' da bolsa de valores de NY, gerando uma crise econômica mundial gigantesca.


Além disso, durante a década de 30, ocorre o surgimento dos regimes fascistas na Europa, o que juntamente com a crise fez com que as histórias de Ficção Científica caminhassem para a criação de uma sociedade “fictícia”, que além de escancarar os problemas sociais, que agora eram muito mais encobertos atrás das propagandas, faziam críticas aos grandes sistemas sociais em vigor na época, como o Nazismo, Fascismo, a URSS, e as grandes potências capitalistas.


Os enredos foram ganhando novos temas, como o surgimento da “realidade futura”, onde todo o cenário era futurístico, as personagens deixaram de ser ‘transportadas’ para o futuro e passaram a sempre fazer parte dele, mostrando ao leitor como o Homem e a sociedade seriam em determinada época. Em 1926 o cineasta Fritz Lang lançou o longa Metrópolis, onde após um grande avanço industrial, as grandes metrópoles eram habitadas apenas pelas grandes empresas, enquanto que os operários moravam nos subsolos e trabalhavam incessantemente. Os filhos dos grandes empresários vivam nos eternos jardins, um lugar de paz e riqueza, onde em um dia, Freder, encontra Maria, uma sacerdotisa dos operários que prega a chegada de um “conciliador” entre as mãos (os operários) e o coração (os grandes empresários).

Com medo dos efeitos da voz de Maria sobre a mente dos operários e de Freder, Jon Freder contrata um cientista maluco para criar uma falsa Maria, o primeiro andróide mecânico da história (não apenas do cinema, mas foi a primeira menção de um ser mecânico e inteligente criado pelo homem), a fim de acabar com o movimento dos operários. A grande crítica quanto a exploração do trabalho é facilmente resolvida em um final onde Freder vira o conciliador, o coração entre as mãos e a cérebro, que pode ser entendido como o Estado.

Por se tratar de um filme alemão, mesmo que indiretamente, em Metropolis vemos uma ambiguidade causada pela divergência de ideias entre o diretor do filme, Fritz Lang, e a roteirista Thea van Harbour, onde ao mesmo tempo que há uma apologia a favor dos regimes fascistas (o “conciliador” representando a importância do Estado), há uma critica às péssimas condições de trabalho nas quais até meados da década de XX era muito comum em quase toda Europa. Sendo assim, mesmo que um tanto “sombrio”, o filme passa uma visão otimista onde havia uma solução para os problemas desse possível futuro.


Este é um dos meus filmes preferidos. O fato de se tratar de um filme mudo faz com que toda a atuação dos atores seja mais teatral, o que juntamente com a trilha sonora, te transporta para dentro da história. A maneira como o protagonista vê as máquinas como um monstro e os trabalhadores saem tristes e oprimidos após horas de trabalho te leva a imaginar como seria viver em uma época no qual se vivia nessas condições, uma vez que mesmo com a criação de sindicatos e toda aquela história de comunismo e socialismo ainda em auge, o sistema industrial não havia mudado muito desde o fim do século XIX. O filme uma experiência muito diferente das que temos hoje em dia. Vale a pena tirar um tempinho para ver ;).


O futuro de Metropolis não essencialmente distópico, uma vez que no final ainda há uma visão otimista do que pode vir a seguir. Porém, após 1936 durante a Segunda Guerra Mundial e o que viria a acontecer depois, os futuros apresentados na ficção científica mudam de forma. As primeiras tramas apocalípticas e pós-apocalípticas começam a surgir. Mas isso é melhor explicado no próximo post. Até lá :).
















 
 
 

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