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As novas expectativas de futuro do século XX na Ficção Científica

  • Joyce Santos
  • 11 de mar. de 2017
  • 4 min de leitura

Com o inicio do século XX os sistemas políticos passaram a influenciar cada vez mais na maneira como as sociedades imaginavam o futuro. Enquanto as obras de Ficção Científica do século XIX estavam focadas nas políticas positivistas e nas questões trabalho, o século XX já começou com uma revolução na industria cultural, principalmente na maneira de consumir literatura e agora, cinema, a nova descoberta das primeiras décadas.

Uma obra que até hoje vemos referências em várias mídias atuais foi Le Voyage la Lune, um dos primeiros filmes a serem lançados no cinema, foi o primeiro curta de ficção científica estreado no ano de 1895, Em seu enredo, o diretor Georges Méliès, nos entrega a história de cinco físicos decidem viajar até a lua através de um canhão voador.


Nessa época (final do século XIX/início do século XX) a maior preocupação dos autores nesse momento era transmitir a imagem de um futuro belo, colorido e avançado, é cada vez mais evidente a tentativa de mesclar o fantástico ao científico. O mesmo cenário que retrata uma cidade totalmente industrializada também retrata a Lua com expressões. Méliès e os atores chegaram a pintar cada cena da película (tudo a mão) apenas para que as cenas ficassem coloridas e assim mais fantásticas.


Foi neste contexto que podemos destacar a popularização do gênero 'ficção científica' através da literatura Pulp, um novo estilo de escrever histórias em quadrinhos que era conhecido dessa forma devido ao material barato que era utilizado na produção do papel das páginas dessas revistas. Nessas revistas, todo o tipo de história mirabolante ganhava espaço, criando um novo tipo de “sci-fi” e encorajando cada vez mais escritores a embarcar nesse universo imaginado. Os temas das HQ's ainda estavam entre a fantasia e misticismo pseudo-cientifico. O "cientista maluco" e o "herói lendário”, sem medo, sem fraquezas, sem corrupções e politicamente corretos eram os tipos de personagens retratos. Além do surgimento das Ópera Espaciais, um sub-gênero da ficção científica que enfatiza a aventura romântica, cenários exóticos e personagens épicos.

Uma das revistas mais famosas dessa época foi a Amazing Stories criada por Hugo Gernsback na década de 20. Gernsback foi uma extremamente importante para a popularização do gênero, pois foi um dos maiores incentivadores para que os autores publicassem cada vez mais historias e houvesse uma maior valorização da ficção científica quanto gênero literário, uma vez que a mesma era tida como 'literatura popular e barata' era muito pouco valorizada no início do ´seculo.

Anterior a Amazing Stories, também haviam outras obras que estavam fazendo sucesso no início do século XX. Como o romance A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, que além de criticar os movimentos políticos da época, assim como as obras de FC do século XIX, foi a primeira menção á um possível equipamento (sem o uso de magia e etc) que poderia se mover no tempo, iniciando uma onda de enredos mais científicos e menos fantásticos.

Posteriormente, A Máquina do Tempo inspirou diversas pesquisas científicas reais, sendo a primeira vez na história, não apenas da Ficção Científica, que uma máquina mecânica foi usada para o transporte entre as eras, demonstrando como a revolução industrial havia alterado a maneira que o Homem interagia com a ciência e a tecnologia.



No enredo do livro, durante uma conversa sobre as dimensões do tempo quatro estudiosos são surpreendidos com o aparecimento de um “viajante do tempo” (que era um dos participantes da conversa), sujo de lama e atordoado que começa a lhes contar sobre sua viagem ao futuro, onde encontrou uma Terra totalmente diferente.


No futuro em questão, o viajante relata ter encontrado duas sociedades remanescentes da sociedade atual, no qual após um longo processo de evolução e transformação social os Homens se dividiram em duas raças: os Elois, criaturas dóceis, frágeis, inocentes, que vivem sem qualquer tipo de preocupações além de se alimentar de frutas e dançar, e os Morlocks, seres cegos e asquerosos que vivem nos subterrâneos e se alimentam dos Elois.


O viajante ainda acredita que essa divisão de raças foi causada pela revolução industrial, onde os trabalhadores (Morlocks) foram expostos a grandes explorações e más condições de vida enquanto que a burguesia (Elois), justamente pelo fato de viver “às custas” dos operários, “regrediram”, se tornando criaturas frágeis e de pouca inteligência.


“A humanidade unida havia acumulado uma sucessão de triunfos sobre a Natureza. Coisas que hoje não passam de sonhos haviam-se transformado em projetos palpáveis e executados na sua plenitude. E o resultado era o que eu estava vendo!. [...].” (WELLS, H.G. The Time Machine, pg. 169 -170. 1981).

“Tinham-se obtido, também, triunfos sociais. [...]. Não havia sinal de luta, nem social nem econômica. As lojas, os anúncios, o tráfego, todo esse comércio que constitui a estrutura de nosso mundo, não existiam mais. Era natural que, nessa tarde dourada, eu admitisse facilmente a idéia de que me encontrava num paraíso social. O próprio crescimento da população, julgava eu, tinha sido estabilizado.” (WELLS, H.G. The Time Machine, pg. 170 -171. 1981).

O livro de H. G. Wells até hoje faz sucesso na cultura pop, inspirou uma quantidade enorme de filme e em várias séries e sitcom's , mostrando como até hoje temos vontade de dar umas voltinhas através da quarta dimensão.



Referências

Viagem à Lua. Direção: Georges Méliès. França: Star Film Company, 1902, (14 min.), título original: Le voyage dans la Lune.

GODOY, Leo Otero. Introdução á uma história da ficção científica. 1ª Edição. São Paulo: Editora Lua Nova LTDA, 1987.

WELLS, H. G. A Máquina do Tempo. 1ª Edição. São Paulo: Alves Editora SA, 1981.

Amazing Stories HQ. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Amazing_Stories >. Último acesso em 11 de Março de 2017.


















































 
 
 

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